Entre remos, lendas e maré cheia de história: bora falar do Canal de Bertioga?

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O mar tem esse dom de hipnotizar. É só dar de cara com aquele azulzão que a alma já começa a relaxar, o corpo desacelera e o pensamento vai longe.

 No Guarujá, ali onde o Canal de Bertioga corta o mapa como quem desenha uma história à beira-mar, não é diferente.

 Mas ali, entre a Ilha de Santo Amaro e o continente, o mar não é só bonito — é um contador de causos de primeira.

A cada onda que balança um barquinho, dá pra sentir que aquele lugar tem mais do que beleza. Tem memória. Tem lenda. Tem sal e suor de quem vive com o pé na areia e o coração no compasso da maré. 

Então senta aí — ou melhor, embarca — porque o passeio vai ser daqueles que misturam história, cultura e uma pitada de magia do litoral paulista.

Remo vai, história vem

Antes das balsas modernas e dos motores barulhentos, o canal era cruzado por pequenos barquinhos a remo. E quem comandava a travessia era uma turma de respeito: os catraieiros. Esses marinheiros de alma leve sabiam tudo da correnteza, do tempo virando e das histórias que flutuavam com o vento.

O curioso é que o Canal de Bertioga nem é tão extenso assim. São pouco mais de 13 milhas náuticas — coisa que um barco tranquilo atravessa em mais ou menos uma hora. 

Mas nem por isso ele deixa de impressionar. Em alguns trechos, a largura chega a bater os 200 metros, criando aquela sensação de rio que vira mar, ou mar que parece rio… vai saber. 

Forte, baleia e sambaqui: olha esse trio

Pra quem acha que só de praia vive o litoral, o canal já chega com três tapas de realidade: o Forte São João, a antiga Armação das Baleias e os sambaquis milenares.

O forte? Um dos mais antigos do Brasil, construído pra proteger a costa e segurar os gringos que queriam entrar sem ser convidados.

 Ainda tá de pé, firme e forte, com aquela cara de cenário de filme de época. 

Já a Armação das Baleias era o centro de produção de óleo de baleia — que, sim, já foi item de luxo por aqui. 

Cruel? Era. Mas faz parte de uma história que precisa ser conhecida pra ser transformada.

E os sambaquis… ah, os sambaquis! Montinhos de conchas e restos de civilizações bem antes da gente pensar em construir casa na praia.

 Testemunhas de um passado que ainda pulsa, se a gente parar pra escutar.

É muita história com muita coisa pra fazer

Quem pensa que o Canal de Bertioga é só pra olhar e contemplar, tá perdendo metade da graça. A área ao redor ferve de possibilidades. 

Tem quem prefira remar de caiaque, curtindo o silêncio cortado só pelo som da água. Tem os mais aventureiros que aceleram no jet ski ou se jogam nos esportes aquáticos, fazendo da maré o próprio playground.

 E pra quem gosta de pesca, os robalos que nadam por ali não decepcionam — são grandes, briguentos e exigem paciência de quem encara a pescaria com alma.

Enquanto tudo isso rola, a paisagem faz o papel de cenário de cinema. É que o canal é rodeado por pedaços de Mata Atlântica praticamente intocados, do jeitinho que a natureza desenhou. 

A combinação de água, verde e céu é daquelas que fazem a gente esquecer do celular no bolso e só aproveitar. Difícil é querer ir embora depois.

Pra onde a maré te levar

O Canal de Bertioga não é destino pra marcar só com pin no mapa — é pra guardar na pele, no coração e nas histórias que a gente conta depois. 

E cá entre nós: num mundo onde tudo anda tão corrido, é bom demais encontrar um lugar que anda no ritmo do mar, não é mesmo?.

Então bora entrar nesse barco e deixar o canal mostrar, no tempo dele, tudo o que tem pra contar. 

Porque ali, entre ilhas, remos e lendas, tem uma parte do litoral que nunca se esquece.